09 de Maio

O Nordeste ressurge

  • Usina em Petrolândia (PE): a energia solar representa apenas 1% da matriz energética (Germano Lüders/EXAME)

    Usina em Petrolândia (PE): a energia solar representa apenas 1% da matriz energética (Germano Lüders/EXAME)

Está na Exame.
 

Em Assú, no Rio Grande do Norte, as terras de Francisco de Souza nunca entregaram o prometido. Ao longo de toda a vida, o agricultor de 70 anos conseguiu tirar do solo árido não mais do que quantidades modestas de feijão, algodão, milho e melancia, além da criação de bovinos, que eram comercializadas no centro da cidade, a 40 quilômetros de distância. A propriedade de 400 hectares, amealhados por seu pai entre 1960 e 1980, não era muito diferente das terras dos vizinhos, que sofriam com a seca do sertão.

Nos anos 2000, uma nova esperança surgiu para a família. O petróleo enterrado no subsolo da região de que tanto se falava havia despertado o interesse da Petrobras, que passou a extrair o produto em pequenas fazendas e pagar royalties aos proprietários. Em 2010, a demarcação de um poço de petróleo chegou a ser feita nas terras de Souza, mas a exploração não foi levada adiante pela estatal. Há cinco anos, ele abandonou o campo e decidiu se mudar para o centro da cidade, onde os filhos já moravam e trabalhavam. Agora, uma nova oportunidade bateu à porta do agricultor potiguar: o sol que sempre castigou o solo vai gerar um rendimento que ele nunca teve.

Souza acaba de arrendar suas terras para geração de energia solar para a companhia goiana Pacto Energia, que atua nas áreas de transmissão, geração e comercialização. No contrato de 36 anos, a área de Souza, que fará parte do projeto Solaris junto com outros terrenos no município vizinho de Carnaubais, vai receber 400.000 painéis solares, capazes de produzir cerca de 130 megawatts por ano. O projeto Solaris deve gerar 1,3 gigawatt, o suficiente para abastecer mais de 1 milhão de residências.

Assim que as instalações estiverem prontas, o que está previsto para o final de 2023, Souza deve receber por ano cerca de 300.000 reais. Ao final do contrato, terá embolsado, em valores correntes, 9 milhões de reais, dinheiro que a agricultura nunca trouxe para ele. E há perspectiva de o contrato ser renovado por mais 25 anos. “Eu sinto falta de estar nas minhas terras, mas fico feliz com essa oportunidade que apareceu para nós”, diz Souza.

A matéria completa
https://exame.abril.com.br/revista-exame/a-riqueza-que-vem-do-sol/

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