20 de Abril

A herança mais linda

Meu coração bate dentro de Valentina.
É toda eu, minha doce e terna menina.
Sempre me conta, olhos cobertos de misericórdia divina, as dores pelas quais atravessa ruas, torpes sinais de trânsito, trôpegas esquinas.
Ninguém lhe pede esmolas para que ela não entregue, pelo menos, o lanche que levaria para a escola.
Uma tarde dessas, num orfanato, tirou o vestido e deu para Eduarda.
- Papai, eu tenho tanto... ela não tem nem um pai.
- Claro! Deixe os sapatinhos também.
- E a bolsa?
- Deixe também!
Voltou para casa de calcinha – e cantando, comigo, Carlinhos Brown.

No fds me contou, com certo receio, que pegou vinte Reais na minha carteira para comprar um lanche para uma criancinha que pedia dinheiro em frente ao MC Donalds.
- Divida sempre! Ninguém é feliz sem carregar, no coração, a caridade, o abraço, o estender das mãos.
E ela completa...
- Não foi Deus quem inventou os pobres...
- Foi não.

 

 

 

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