24 de Outubro

Eu não sei parar de amar

Atravesso a semana com coração sangrando. Acabei de saber que o doce menino do interior, que  um dia sonhou em ser jogador de futebol, e que aos 14 anos de idade teve a perna amputada por um câncer, anoitece a quarta-feira de lua linda e de céu cinzento em Natal... com metástase. 

O anjo negro, que mesmo diante das dores, da impossibilidade de voar ainda sorria... vai perdendo as forças.
As minhas também esvaem-se.
Alegria, cadê você?

Por isso que eu não brigo pela política. Os sei lá por que!
Por isso, que tantas vezes, a política me falece, desenobrece meu vagabundo coração.

Porque enquanto tantos se agridem, um mar de gente está, nesse no Brasil cada vez mais abandonado, morrendo à margem da vida, sofridão.

De um lado sim, do outro  não... E nossas crianças sem educação. Morrendo à míngua.
À morte, o lixão.
Morrem sem saúde, morrem pela violência matada, morrem pela ausência de coração.

Prefiro gritar menos miseráveis, pelos inatingíveis, pelos invisíveis desse mundo que, impiedosamente, vive do amor na contramão.
Prefiro gritar pelos que pedem esmolas, os famintos, os desimportantes em seus labirintos, por àqueles que não sonham... um travesseiro, um quarto friinho, um pijama limpinho, uma vida cor de não.

Meu menino se indo enquanto o Brasil segue aguerrido, intimidado por dores e outros gemidos... se indo pela impiedosa contradição. 

Que tenhamos um mundo mais justo um dia...
Paz,  justiça social de verdade - e nossas crianças bem cuidadas, ninadas, asas para quem, por abandono, rasteja no gélido e impiedoso chão.


Deus receba essa criança.
Que desabraçada pela esperança, receberá no céu o verdadeiro significado da palavra comunhão. 

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